Embriologia Veterinária
“É o estudo do crescimento e da
diferenciação ocorridos por um organismo no curso do seu desenvolvimento
desde o estagio de ovo até o de um ser altamente complexo, de vida
própria e semelhante a seus progenitores”
“É a ciência que se ocupa com o estudo do
embrião”
Embriologia
(ver figuras no Atlas)
Após
a fertilização do ovócito pelo espermatozóide (Fig.1) tem início
uma série de eventos (Fig.3) que caracterizam a formação do
zigoto e o desenvolvimento do embrião. O zigoto é uma célula única
formada pela fusão do óvulo com o espermatozóide (Fig.4) e na
qual estão presentes os cromossomos provenientes dos gametas masculinos,
e femininos (Espermatozóides e Óvulos). A quantidade de cromossomos e o
tempo necessário para os eventos envolvidos no desenvolvimento do novo
ser depende da espécie.
No
homem a partir de 24 horas contadas após a fertilização, o zigoto começa
a sofrer sucessivas divisões mitóticas, inicialmente originando duas
células filhas denominadas blastômeros, (Fig.5) depois quatro e
assim sucessivamente. Os blastômeros ficam envoltos por uma membrana
gelatinosa, a zona pelúcida (Fig.6).
Quando cerca de 10 blastômeros são formados, glicoproteínas adesivas
tornam as células mais compactas, e por volta do 3º dia, quando os
blastômeros somam 16 células à compactação é mais evidente. Esse estágio
é então denominado mórula (Fig.7).
Já no
4º dia a mórula alcança o útero e passa a armazenar no seu interior
fluido proveniente da cavidade uterina, fazendo com que ocorra o
deslocamento das células para uma posição periférica e o surgimento de
uma cavidade, a blastocele. O blastocisto, como é então chamado
apresenta duas porções distintas: o trofoblasto, representado por uma
camada de células achatadas e o embrioblasto, um conjunto de células
que faz saliência com o interior da cavidade (Fig.8,9).
Ao
redor do 6º dia tem início o período de implantação. O blastocisto, já
sem a zona pelúcida, dirige-se a mucosa uterina e a região do
embrioblasto se adere a ela. Os trofoblastos por sua vez são estimulados
e começam a proliferar, invadindo o endométrio (Fig.10).
Nessa fase distinguem-se o citotrofoblasto que constitui a parede do
blastocisto e o sinciciotrofoblasto, cujas células estão em contato
direto com o endométrio formando um sincício com grande capacidade de
proliferação e invasão. Enquanto isso o embrioblasto sofre mudanças que
permite diferenciar duas porções: o epiblasto e o hipoblasto.(Fig.10,11)
Dessa forma ao fim de
nove dias após a fertilização, o blastocisto já se encontra totalmente
implantado no endométrio e entre as células do epiblasto surge a
cavidade amniótica.
Do hipoblasto origina-se
uma camada de células denominadas
membrana de
Heuser
que revestirá a cavidade interna do blastocisto que então passará a se
chamar cavidade vitelina primitiva. Entre a cavidade e o
citotrofoblasto surge uma camada de material acelular, o retículo extra-
embrionário.
Por
volta do 12º dia surgem células que revestem o retículo extra-
embrionário (mesoderma extra- embrionário) que passarão a formar
cavidades preenchidas por fluido e que posteriormente serão unidas
formando a cavidade coriônica.
A
medida em que a cavidade coriônica se expande ocorre a separação do
âmnio e do citotrofoblasto. Na vesícula vitelínica ocorre a proliferação
do hipoblasto seguida de contrição de parte da cavidade, formando
vesículas exocelômicas que se detacam e são degeneradas. A porção da
cavidade ramanscente denomina-se agora cavidade vitelina definitiva.
Na
terceira semana o disco embrionário sofre modificações. Na gastrulação
ocorre proliferação celular na superfície do epiblasto. Essas células
migram rumo à linha média longitudinal do disco embrionário formando a
linha primitiva(Fig.11). Na porção mediana da linha primitiva surge o
sulco primitivo. Na extremidade cefálica forma-se uma protusão celular,
o nó primitivo, em cujo centro surge a fosseta primitiva (Fig.11)
Perto
do 16º dia as células do epiblasto continuam a proliferar e migrar em
direção ao sulco primitivo, onde se invaginam entre o epiblasto e o
hipoblasto, assim tem origem o mesoderma intra-embrionário, o terceiro
folheto embrionário (Fig.10).
As
células da mesoderme preenchem todo espaço entre a ectoderme e a
endoderme, exceto na região da membrana bucofaríngea e membrana cloacal.
À
medida que se invaginam pela fosseta primitiva, as células migram ao
longo da linha média em sentido cranial e formam duas estruturas: a
placa precordal e o processo notocordal ( Fig.-12)
O
processo notocordal então passa por transformações. Primeiro, a parede
ventral do processo notocordal funde-se a endoderme e degenera-se
gradativamente formando temporariamente uma comunicação (canal
neuroentérico) entre a cavidade amniótica e a cavidade vitelínica.
Além
disso, dessa forma o processo notocordal transforma-se em placa
notocordal
No
embrião de 18 dias a notocorda estende-se da membrana bucofaríngea até o
nó primitivo e o canal neuroentérico desaparece.
Durante a terceira semana o processo notocordal, e a placa neural vão se
alongando em direção a membrana bucofaríngea. O epiblasto se diferencia,
provavelmente por ação de substâncias indutoras, em uma região com
células mais altas denominada placa neural, a primeira estrutura
relacionada ao Sistema Nervoso Central.
A
placa neural dobra-se ao longo do seu eixo longitudinal formando um
sulco neural mediano com pregas neurais nas bordas
As
células presentes no limite superior das pregas neurais se diferenciam
em células da crista neural. Já as células da mesoderme intermediária
proliferam e se diferencia formando três porções cilíndricas de células.
As porções mais próximas da notocorda chamam-se mesoderma paraxial (Fig.18)
que se continua com o mesoderma intermediário e o mesoderma lateral.
No
21º dia as pregas neurais da região média do embrião fundem-se em
direção a região cefálica e caudal, formando o tubo neural (Fig.15)
as pregas que permanecem abertas formam o neuróporo anterior e posterior
(Fig.16,17). O mesoderma lateral divide-se em uma camada
associada a endoderma (mesoderma visceral) e outra a ectoderma
(mesoderma somático). A divisão do mesoderma lateral dá origem a uma
cavidade, o celoma intra-embrionário, que se comunica com a cavidade coriônica até a quarta semana após a fertilização. Por volta do 20º dia o
mesoderma paraxial se espessa e se divide em blocos denominados
somitômeros
(Fig.18)
O
tubo neural logo migra para uma região mais profunda e se espessa
mantendo uma luz estreita, o canal medular, enquanto a crista neural se
divide em duas porções laterais. As células da crista neural originarão
a maior parte do Sistema Nervoso Periférico e Autônomo, o tubo neural
diferenciar-se-á em Sistema Nervoso Central (Fig.14).
Durante a quarta semana, os somitos diferenciam-se em três regiões:
esclerótomo, miótomo e dermátomo, que originarão em cartilagem e osso,
músculo e derme respectivamente( Fig.18).
Na
região cefálica, o mesoderma paraxial torna-se parcialmente segmentado
gerando os somatômeros, os quais contribuem para formação de parte da
musculatura da cabeça. O mesoderma
intermediário participará da formação do Sistema Urinário
e Reprodutor.
Nesse
período ocorre o dobramento lateral e longitudinal do embrião, levando à
formação de pregas laterais que constringem o saco vitelino. A parte do
saco vitelino retirada dentro do embrião torna-se o intestino primitivo.
O endoderma que o reveste origina parte do epitélio e glândulas do trato
digestivo.
Com a
fusão da pregas laterais, o celoma intra- embrionário fica interno ao
corpo do embrião e forma as cavidades pericárdica, pleural e peritoneal.
Na
porção caudal do saco vitelino forma-se uma expansão tubular para dentro
do embrião (alantóide) importante na formação de vasos umbilicais.
O
dobramento longitudinal forma a prega cefálica e a prega caudal, sendo
que o embrião vai tomando a forma de uma letra "C" (Fig.19).
Através da migração da prega cefálica ocorre o deslocamento no sentido
ventral de uma porção da mesoderme localizada anteriormente à membrana
bucofaríngea chamada de área cardiogênica, que se diferenciará em septo
transverso, coração primitivo e celoma pericárdico (Fig.19).
Essas estruturas juntamente com a membrana bucofaríngea tornam-se parte
da face ventral do embrião e o septo transverso se diferenciará no
tendão central do diafragma.
A
membrana bucofaríngea separa o intestino anterior do estomódio, a
depressão externa à membrana bucofaríngea que é revestida pela ectoderma
e que dará origem à cavidade oral primitiva.
A
prega caudal dobra-se em direção à face ventral do embrião. Com o
dobramento da prega caudal, parte do saco vitelino incorpora-se ao
embrião, constituindo o intestino posterior.A porção terminal do
intestino posterior dilata-se formando a cloaca. O pedículo do embrião
prende-se a superfície ventral do embrião e a alantóide é parcialmente
incorporada pelo embrião. A porção intra- embrionária da alantóide vai
do umbigo à bexiga. Com o crescimento da bexiga, a alantóide involui,
tornando-se um tubo espesso, que depois do nascimento transforma-se em
um cordão fibroso, o ligamento umbilical mediano.
Conforme as pregas laterais migram em sentido ventral ao mesmo tempo com
as pregas cefálicas e caudal do dobramento longitudinal, o saco
amniótico expande-se progressivamente e aumenta consideravelmente sua
área até envolver todo o embrião. Quando os dobramentos embrionários
cessam, o embrião está revestido por ectoderma cutâneo, que formará a
epiderme da pele. Por esse motivo o cordão umbilical tem revestimento
epitelial.
Anexos Embrionários
A
associação das membranas fetais e o endométrio (decídua) constituem um
órgão temporário com funções primordiais para o desenvolvimento do
concepto.
Classificação baseado na distribuição das vilosidades cor iônica
Tipo |
Características |
Animal |
Difusa Completa |
Pequenas vilosidades distribuídas por toda superfície |
Égua
|
Difusa incompleta |
Áreas com
vilosidades e outras sem vil os |
Porca |
Cotiledonária múltipla |
Vilosidades associadas a carúnculas (Placentomas) |
Vaca |
Zonal |
Forma um cinturão sobre o endométrio, com áreas
livres. |
Carnívoros |
Discoidal |
Vilosidade com arranjo circular |
Primatas |
Classificação baseado na associação das vilosidades cor iônicas na
superfície do endométrio modificado.
Tipo |
Características |
Animal |
Epitélio Corial |
Há uma aposição do epitélio das vilosidades com o endometrial,
formado por seis estratos celulares. |
Vaca, Égua, Porca. |
Sindesmo corial |
Há erosões entre o epitélio e o conjuntivo endometrial |
Cabra. Ovelha, Cervo, Vaca. |
Endotélio Corial |
Trofoblasto entra em contato com endotélio uterino |
Carnívoros |
Hemocorial |
Associação direta dos vilos com o endotélio materno |
Primatas, Humanos |


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